terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O medo de se expor

Eda Cecília Marini
Expor-se.
Expor o corpo físico tal qual é, sem exigir a perfeição estética, aceitando limitações, sem crítica e sem comparações.
Expor os pensamentos com clareza e realidade, os vícios mentais, rótulos e preconceitos.
Expor-se.
Exprimir as emoções e sentimentos tal qual brotam originalmente, sem fingimentos, com autenticidade, sem a preocupação com julgamentos. Por a público toda a carga que se carrega na mente e na alma, acumulada durante tantas vidas, tantos séculos. É tirar a máscara social, mostrar limitações, fraquezas, e por que não, falhas, medos, enfim, mostrar aos quatro ventos a própria vulnerabilidade.
Por trás de todo o barulho da mente há uma dimensão de vazio; a mente o esconde cobrindo-o com uma performance bela e conveniente, condizente com a expectativa social. Essa cobertura é decorativa e ilusória, finge ser alguma coisa, ser alguém. É funcional, sim, enquanto faz parte do jogo de troca de poder, enquanto o indivíduo não está na consciência pessoal.
Desde a mais tenra idade somos condicionados a reprimir, - não educar - pensamentos, sentimentos e emoções, fingir o que não somos, tendo atitudes e comportamentos em desacordo com a alma, criando máscaras para as diferentes situações, que juntas fazem parte da grande máscara cujos traços definem nossa personalidade, a persona de cada um.
Quem nunca ouviu dos mais velhos, quando criança:
“Seja bonzinho senão não gosto mais de você”…
“Mamãe não gosta de criança que faz isso”…
“O que os outros vão pensar”?
Então, para não ser rejeitado pela família, grupo social, amigos, enfim sociedade, é preciso armar esquemas, representar o tipo esperado, traçar comportamentos quase sempre tortuosos. Profissionalmente, para conquistar ou não perder o status conquistado nem ser desvalorizado ou desrespeitado é preciso representar o forte, imbatível, incansável, criativo, seguro, corajoso, inteligente, esperto, perfeito... enfim, um processo extremamente desgastante, pois sustentar tipos e falsidades a fim de manter a máscara esgota, é cansativo e altamente frustrante. É preciso inventar-se cada vez mais a fim de reforçar e sustentar o que não é real.
Mas, aqui sempre cabe a afirmação: “Se não for assim, não serei aceito, respeitado, valorizado… Posso ficar só”… Então, por que não manter a máscara se é tão funcional? Não é muito mais fácil deixar como está?
Vamos seguir representando porque a perda é menor…
A máscara só existe por causa do medo.
Entretanto, para ser autêntico, não é preciso ter medo.
É preciso somente ter clareza no fato de que tudo que se esconde, não se assume, tende a crescer sem controle; não vejo, não quero conhecer, portanto está escondido e sendo sempre alimentado por energias semelhantes. Ao contrário, ao se expor o errado, ele desaparece, se resseca, some pois deixou de ser nutrido. Ele não consegue se manter no aberto, pois só se mantém no inconsciente, na sombra. Trazendo-o para a consciência, ele se evaporará aos poucos.
Mas, importante! Escondendo potenciais, algo correto, ele se esvai porque se desnutre ao se deixar de cultivá-lo com a verdade. O real vai morrendo para que o não real prospere.
É preciso expor primeiramente a si mesmo.
Reconhecer corajosamente fatos e atitudes, sentimentos e comportamentos. É talvez o mais doloroso exercício de exposição, pois significa o reconhecimento dos limites pessoais, a auto-aceitação completa, com a verdadeira modéstia e humildade, colocando o orgulho de lado. Ninguém é horrível: apenas é-se como se pode ser.
Reconhecer valores pessoais e suas capacidades reais; aceitar limitações não como defeitos nem como falhas mas sim como etapas de aprendizado. Olhar-se sem culpa e sem exigência de perfeição. Despir-se de auto-julgamentos e rótulos, largar preconceitos para trocar conceitos. Só assim a máscara começa a desfazer-se e o real começa a respirar. Um bom exercício é anotar em uma folha de papel, sem método, tudo que surgir à mente e ao coração - reações, pensamentos, definições, atitudes. Sem julgar. Apenas escrever o que sentir.
Meditar sobre isto, como se sente e assim perceber o real do que é irreal, reconhecendo a máscara.
O medo da mudança é natural, porque o velho é familiar a uma identidade definida, conveniente, já há muito aceita, segura e facilmente administrável. Não se deve condená-lo, pois é parte deste condicionamento social. Aceitá-lo e ir além dele pode parecer assustador, mas logo se começará a ganhar força, sua real medida; passa-se a ser um indivíduo, sai-se da massa. A sofisticação social dá lugar à individualidade, à realização pessoal como Deus a fez, crua, selvagem e com tremendo poder.
Na verdade, é preciso abandonar as velhas idéias para se saber quem se é, não é preciso dar saltos. Apenas caminhar passo a passo, mas com firmeza, liberando fantasmas, criações mentais, emoções reprimidas, distorcidas, atitudes desviadas, desacomodando pesares e mágoas, raiva, ambição; prazer, alegria, sexo e sexualidade.
Trazer das profundezas do inconsciente o que lá foi relegado, tornando-se consciente na aceitação de si mesmo. É “arejar o porão”…
Quanto mais se vive na máscara e por ela, mais se é automatizado, robotizado, sem consciência. Auto-conscientizar-se assemelha-se a uma ressurreição, um renascer para o poder interior, para a união com o divino.
Desconectar para reconectar.
A exposição passa a ser feita sem medo: autenticidade, não grosseria ou agressividade, mas sim caminhando de acordo com o potencial pessoal, porque já se conhece a extensão da força íntima. Ela apóia e dirige pelo caminho do equilíbrio.
Expor-se, então, deixa de ser doloroso ou assustador, mas sim altamente gratificante, pois traz a segurança e a satisfação da realização.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Da arte de aceitar

Ele não aceitava a moça. Ela foi, foi, conversou, conversou, rodou, rodou, artimanhou, manhou, arte e manha, miou, afinal rendeu. Criança de emoções superficiais, rápidas, espontâneas e passageiras, ele cedeu. Aceitou-a.
Fiquei pensando em algo tão definido pelos psicólogos e literatos, porém inesgotável e eterno como o tema humano: a necessidade de ser aceito.
Ser aceito não é receber a concordância. É receber até a discordância, mas dentro de um princípio indefinível
e fluídico de acolhimento prévio e gratuito do que se é como pessoa.
Ser aceito é realizar a plenitude dos sentidos do verbo latino Accipio, que deu origem à palavra portuguesa. Accipio quer dizer: tomar para si; receber, acolher; perceber; ouvir, ouvir dizer; saber; compreender; interpretar; sofrer; experimentar; aprovar; aceitar; estar satisfeito com. Tem vários sentidos, tal e qual essa aceitação misteriosa e empática que alguns nos concedem.
Ser aceito é ser percebido antes de ser entendido. É ser acolhido antes de ser querido. É ser recebido antes de ser conhecido. É ser experimentado antes da experiência. É, pois, um estado de compreensão prévia, que abre caminho para uma posterior concordância ou discordância, sem perda do afeto natural por nossa maneira de ser.
Ser aceito implica mecanismos mais sutis e de maior alcance do que os que derivam da razão. Implica intuição; compreensão milagrosa porque antecipatória; conhecimento efetivo e afetivo do universo interior; compreensão pela fraqueza; cuidado com as cicatrizes e nervos expostos, tolerância com delírio, tolices, medos, desordens, vesícula preguiçosa, medo do dentista ou disritmia.
Ser aceito é ser feliz. Raro, pois. Quer fazer alguém feliz? Aceite-a em profundidade. E depois discorde à vontade. Ela aceitará.
Artur da Távola

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

E SE...não tivéssemos medo?

Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo acaba com a gente quando estamos vendo um filme de terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo, não teríamos nenhuma reação em situações de perigo, como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção acontece involuntariamente: a sensação de temor chega antes às partes do cérebro que regem nossas ações involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o raciocínio.
Além desse medo primordial, existe o medo criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas. Pelo contrário. “O medo de ser ridicularizado ou menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias sociais, mas está presente em todas as pessoas”, diz a psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se seguíssemos com o medo involuntário, mas deixássemos de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos muita coisa.
O medo é um conceito fundamental para Freud, o pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração, de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho. Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser culpado e castigado é raiz para instituições e religiões. “Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e ao arrependimento quanto o cristianismo”, afirma o historiador francês Jean Delumeau, autor do livro História do Medo no Ocidente.
“O medo se reproduz na forma da autoridade física e espiritual”, afirma a psicanalista Cleide Monteiro. “Ele está na base de instituições que podem ser opressoras, mas fazem a sociedade andar para a frente longe de barbáries.” Para a psicanálise, funciona assim: quando eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo. Para podermos conviver numa boa, criamos coisas superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca. NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Após dois meses

Ainda tenho receio ao descrever isto porque é um assunto muito delicado pra mim, mas lá vai.
Acredito que deixei de gaguejar severamente, principalmente, por "chutar o balde" num assunto em setembro. Com uma gagueira menos severa pude ter oportunidade de experimentar a linha DH. Após dois meses, reinterpretei vários aspectos da gagueira e assim deixei de ser gago em diversas situações. Minha fala é completamente espontânea e não tenho quaisquer bloqueios em várias situações. Apesar de que eu ainda estranhe minha fala fluente, tento logo tirar tal pensamento para que a antecipação não ocupe lugar. Há muitas situações em que nem lembro da gagueira. São situações que ocorrem em horas de conversas com pessoas próximas, pessoas do trabalho e outros colegas em que antes eu até era fluente, mas somente com uma fala muito bem controlada, com substituições, pausas, evitações, etc. A fala controlada é desastrosa para mim porque me faz ter um gasto de energia grande.
No entanto, noutras situações, por exemplo, em conversas com pessoas que não me sinto à vontade, em conversas ao telefone/microfone(msn) eu gaguejo em sons que considero que tenho cismas muito enraizadas, são os casos em que há o R e L na segunda letra. Nessas situações, eu travo feio, mas continuo a fala. É como um carro que não importa se está a 40 ou 120km/h e volta e meia dá umas engasgadas, e continua. Entretanto, ainda sinto medo de conversar, p.ex. com pessoas desconhecidas ao telefone, mas falo. Assim, sou encucado e importo-me muito em relação à forma da minha fala. Mas aprendi o “aceito e continuo”. Aceitar-me gago me faz não ter medo de falar, e assim, falar. Com isso, a fala totalmente fluente e espontânea, sem qualquer antecipação tem sido muito muito mais freqüente que a gagueira. Outro aspecto é que agora consigo perceber quando estou com auto-pressão para ser fluente. Quando antecipo, busco não pensar nas palavras a serem faladas e deixar pra ocasião, apesar disso estar enraizado em mim. Chamo a isso de ligar os alertas e/ou alarmes. Mas atualmente tenho tido sucesso em diversas situações em desligar os alarmes e continuar o discurso. Nessas ocasiões consigo sair ao que chamo de meu turbilhão vicioso de gagueira e volto à minha fala fluente, gaguejada nos sons enraizados. O que é um progresso para mim, pois há situações em que eu travo tanto que balanço o corpo inteiro ao tentar forçar sons a sair: uma gagueira muito severa.
Após esses dois meses, sinto-me mais confortável em relação à minha fala, mas ainda sou muito grilado com a gagueira, tenho medo de falar em público, penso em como falar todos os dias. Quando preciso pedir uma informação ou falar ao telefone, antecipo tudo e fico pensando conscientemente as palavras que serão ditas para pesquisar sons que devo temer, evitar e substituir. Entretanto, já tive oportunidade de falar em público e a fala fluiu, mesmo que gaguejada. Bem, acho que hoje sofro um pouco menos em relação à minha fala.
Além disso, repenso minhas atuais percepções de cobrar-me perfeição em tudo, de exigência comigo mesmo. Não sinto mais a gagueira como uma dor ou um sofrimento. Sinto que a gagueira é só mais um problema e, apesar de desagradável, há problemas muito piores. Hoje falo abertamente sobre minha gagueira para qualquer um. Hoje penso a gagueira com muito mais bom humor e descontração. Apesar de que ainda preciso valorizar mais minha fala fluente do que os momentos de gagueira. É claro que as dúvidas são muitas, p.ex. se seria apenas uma fase boa. Mas essas novas reinterpretações são fundamentalmente baseadas na linha DH. Penso em criar um fórum em que as mensagens possam ser faladas ou tecladas. Afinal, até eu que sou gago sei que falar é muito muito mais fácil que teclar.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Gaguejando

Certo colega é, atualmente, a pessoa com quem mais gaguejo. Ele é bacana, mas tem um problema: é inglês. E eu gaguejo muito falando em inglês com ele. Há vários fonemas que tenho dificuldade e daí fico muito mais limitado e com os alertas ligados. Terei que fazer todo um tratamento em inglês :)
Fui selecionado pra ser lecionar no ano que vem, nem sei no que vai dar, depois penso nisso. Mas agora estou precisando mesmo do emprego. Bem, no sábado fui no curso de capacitação (de Pedagogia). Imagina o sufoco! Fiquei a semana inteira preocupado, em como iria apresentar-me
(dizer meu nome, onde iria trabalhar, a disciplina a lecionar, etc), se teria que fazer apresentação de algum assunto, etc. Fui rindo no ônibus, pois se eu gaguejasse muito, o que a coordenadora faria? Ela me tiraria? E pra variar na apresentação fiquei por último, só pra aumentar a agonia. Fiquei naquela: "sou gago mesmo" e minhas mãos não estavam suando nem o coração disparado... e..., fiquei realmente surpreso: apresentei-me sem gaguejar. Não sei o que aconteceu, mas tentei não ficar feliz com isso, logo tentei ficar neutro e prestar atenção na mulher falando.
O curso foi todo criticando os professores que não tem didática. Todos lá eram professores universitários e ótimos fluentes, então um rapaz criticou um professor que teve, excelente técnico, mas segundo ele, ninguém entendia o que falava nem o que escrevia. Ahh não me contive, pedi a palavra e falei que se deve importar com o conteúdo, e quem reclama da forma é que na verdade não entende o conteúdo e que os alunos universitários devem ter iniciativa, que não se deve pegar na mão de todos pra atravessar a rua, mas ensiná-los a atravessar sozinhos. Uns dois discordaram de mim, inclusive a professora do curso... Quis falar da minha gagueira, e que eles falavam aquilo é porque são ótimos fluentes e não entendem as diferenças, mas achei que iria polemizar demais com um asssunto particular...
Depois tivemos que reunir-nos em grupos. Como fui o mais participativo, fui escolhido para falar o assunto pelo grupo. Dá pra acreditar o descaramento deles?! Quando vi aqueles dedos apontando-me, lembrei das quandas vezes fugi das apresentações, então aceitei. Que coisa, mais ansiedade por esperar minha vez pra falar aiai e meu grupo ainda por cima era o último de novo... E todos os representantes dos outros grupos falaram tão bem que foram elogiados pela professora. Ela perguntou se o meu grupo atenderia às expectativas!
Então comecei a falar dizendo que me deram uma imensa responsabilidade e pressão porque os representantes dos outros grupos expressaram-se muito bem. Eu não queria gaguejar, a vergonha daquelas pessoas, então passei a evitar tudo que fosse gaguejar, então minha fala passou a ser patética e em certo momento travei feio... mas continuei... aí um colega do grupo me salvou e começou a falar e depois outro também, então eu também completei e a professora também e foi assim...
Fiquei mal, mas logo pensei: "ahh, sou gago mesmo, deixa pra lá, não posso ficar cobrando-me em ser perfeito ou tão bom quanto os outros". E consegui até o curso acabar. Mas depois fiquei chateado. Só de madrugada é que percebi que eu falara para 20 pessoas... e gaguejando ou não, falara.

Minha auto-pressão para falar

Há algumas semanas percebi que eu estava usando novos truques: gagueira proposital, pensar "dane-se", etc. Como passei a ter tempos de fluência, passei a substituir novamente para não estragar e não deixar a fala descontínua. Então num domingo indo pra missa pensei em não mais usar tais truques. Depois da missa fui "treinar" numa conversa com o padre. Mas depois uma pessoa do meu trabalho com sua esposa me viram e vieram conversar comigo. Deu vontade de fugir, pois eu tinha certeza que gaguejaria. Mas resolvi ficar e "enfrentar". Levei a conversa pro meu assunto predileto: gagueira. E estava com uma gagueira moderada até que ele me perguntou sobre meu trabalho. É que gaguejo muito ao falar do meu trabalho. Gaguejei tanto que fiquei o domingo inteiro chateado, pensando que "regredira um mês". Depois de tanto refletir, supus ter encontrado os motivos, que são subjetivos, por ter gaguejado tanto. Eu me obrigo a ser fluente com pessoas em certas "posições" e o que ela "representa". Aliado ao fato de que eu não conseguir substituir palavras ao explicar meu trabalho porque são termos técnicos e únicos, já os gaguejei muito e ficou incutido em mim a dificuldade de falá-los. Dias depois conversei novamente com a pessoa e expliquei a situação, que não deve ter entendido, mas para mim foi importante. Mesmo o sofrimento foi bom para perceber meus momentos de gagueira severa.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Nem aí

Noutro dia conversei com um colega pelo msn. Eu não estava "nem aí" para o que ele pensasse da minha fala e quase não gaguejei. Mas recebi elogios de como estou "fluente". Isso faz com que eu admire muito minha fluência e a deseje intensamente. E isso destrói minha fala. Gostaria que não se importassem em como falo. Mas esse não é um bom caminho.

Ontem conversando com o colega, quis mostrar que estou cada vez mais fluente e gaguejei pra carambolas. Não aprendo mesmo... Querer intensamente fluência me faz gago. Aceitar-me gago me faz fluente. Mas o desejo de ser fluente é tão grande...

Preciso aprender a não me importar se se importam com minha fluência. Apesar do objetivo é nem lembrar, agora preciso estar atento: “Olha lá eu de novo antecipando...” e ir pro “nem aí”.

A.V., 9 anos, disse: "Sou gago e não ligo, cê me liga a cobrar e eu desligo".
Preciso aprender a desligar as ligações a cobrar.
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